Se desejarmos formar cidadãos criativos, críticos e aptos para tomar decisões, um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infantil com a inserção de contos, lendas, poesias, estórias em quadrinhos, brinquedos e brincadeiras.
Vygotsky (1998) indica brinquedos e brincadeiras como indispensáveis para a criação da situação imaginária. Revela que o imaginário só se desenvolve quando se dispõe de experiências que se reorganizam.
A riqueza das lendas e dos contos e o acervo de brincadeiras constituirão banco de dados de imagens culturais utilizados nas situações interativas.
Dispor de tais imagens é fundamental para instrumentalizar a criança para a construção do conhecimento e da sua socialização. Ao brincar, a criança movimenta-se em busca de parceria e na exploração de objetos, comunica-se com seus pares, se expressa através de múltiplas linguagens, descobre regras e toma decisões.
As crianças ‘ “fazem histórias a partir dos restos da história”, o que as aproxima dos inúteis e dos marginalizados (Benjamim, 1984, p.14) Elas reconstroem das ruínas; refazem dos pedaços. Interessadas em brinquedos, bonecas e carrinhos, atraídas por contos de fada, mitos, lendas, querendo aprender e criar, as crianças estão mais próximas do artista, do colecionador e do mágico, do que de pedagogos bem intencionados. A cultura infantil é, pois, produção e criação.
As crianças produzem cultura e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e que lhes é contemporânea (de seu tempo). A pergunta que cabe fazer é: quantos de nós, trabalhando nas políticas públicas, nos projetos educacionais e nas práticas cotidianas, garantimos espaço para esse tipo de ação e interação das crianças? Nossas creches, pré-escolas e escolas têm oferecido condições para que as crianças produzam cultura? Nossas propostas curriculares garantem o tempo e o espaço para brincar?
Olhar o mundo a partir do ponto de vista das crianças pode revelar contradições e uma outra maneira de ver a realidade.
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